Cronobiologia e Luz: O Impacto da Luz Amarela e LED no Sono e no Ritmo Circadiano

Luz amarela ou luz de Led? Qual é a melhor?

A cronobiologia, o estudo dos ritmos biológicos, tem revelado a importância da luz na regulação do nosso relógio interno. Com o advento da tecnologia moderna, estamos cada vez mais expostos a fontes de luz artificial, como lâmpadas LED e telas eletrônicas, que podem afetar nossos padrões de sono e vigília. Neste artigo, exploraremos o papel da luz amarela e da luz LED em nosso ritmo circadiano e discutiremos o uso de óculos com lentes amarelas à noite como uma potencial intervenção para melhorar a qualidade do sono.

O Ritmo Circadiano e a Luz

O ritmo circadiano é um ciclo de aproximadamente 24 horas que regula muitos processos fisiológicos e comportamentais, incluindo o ciclo sono-vigília [1]. Esse ritmo é controlado por um grupo de células no hipotálamo, conhecido como núcleo supraquiasmático (NSQ), que é influenciado por pistas ambientais, principalmente pela luz [2]. A exposição à luz durante o dia, especialmente à luz azul, suprime a produção de melatonina, o hormônio do sono, e nos mantém alertas. Por outro lado, a diminuição da exposição à luz à noite permite o aumento da produção de melatonina, promovendo o sono [3].

Luz LED e Seu Impacto no Sono

As lâmpadas LED tornaram-se cada vez mais populares devido à sua eficiência energética e vida útil prolongada. No entanto, muitas lâmpadas LED emitem uma quantidade significativa de luz azul, que tem sido associada a distúrbios do sono e do ritmo circadiano [4]. A exposição à luz azul à noite, principalmente de telas eletrônicas como smartphones e computadores, pode suprimir a produção de melatonina e atrasar o início do sono [5]. Isso pode levar a um sono de menor qualidade e à dessincronização do ritmo circadiano, com potenciais efeitos negativos na saúde, como maior risco de obesidade, diabetes e doenças cardiovasculares [6].

Luz Amarela e Óculos com Lentes Amarelas

Em contraste com a luz azul, a luz amarela tem um comprimento de onda mais longo e um efeito menos supressor na produção de melatonina [7]. Alguns estudos sugerem que o uso de óculos com lentes amarelas à noite pode ajudar a bloquear a luz azul e melhorar a qualidade do sono. Um estudo descobriu que participantes que usaram óculos com lentes amarelas por 3 horas antes de dormir tiveram um aumento significativo na produção de melatonina e relataram uma melhor qualidade do sono em comparação com aqueles que não usaram os óculos [8]. Outro estudo mostrou que o uso de óculos com lentes amarelas melhorou a qualidade do sono e o desempenho cognitivo em trabalhadores noturnos [9].

Estratégias para Otimizar a Exposição à Luz e Melhorar o Sono

Além de considerar o uso de óculos com lentes amarelas à noite, existem outras estratégias para otimizar sua exposição à luz e melhorar a qualidade do sono:

  1. Obtenha exposição regular à luz natural durante o dia, especialmente pela manhã, para reforçar seu ritmo circadiano [10].
  2. Limite o uso de dispositivos eletrônicos à noite e considere usar aplicativos de filtro de luz azul ou configurações de luz noturna [11].
  3. Crie um ambiente de sono escuro, silencioso e confortável, e mantenha uma rotina de sono consistente [12].
  4. Considere o uso de lâmpadas com uma temperatura de cor mais quente (mais amarelada) em seu quarto e espaços de convivência à noite.

Conclusão

A compreensão da cronobiologia e do impacto da luz em nosso ritmo circadiano é crucial para promover uma boa saúde do sono. Embora a luz LED tenha muitos benefícios, sua alta proporção de luz azul pode afetar negativamente nossos padrões de sono. O uso de óculos com lentes amarelas à noite é uma intervenção promissora para bloquear a luz azul e melhorar a qualidade do sono, mas mais pesquisas são necessárias para estabelecer sua eficácia a longo prazo. Ao adotar estratégias para otimizar nossa exposição à luz e criar um ambiente de sono saudável, podemos apoiar nosso relógio interno e desfrutar dos benefícios de um sono restaurador.

Referências

  1. Mohawk, J. A., Green, C. B., & Takahashi, J. S. (2012). Central and peripheral circadian clocks in mammals. Annual Review of Neuroscience, 35, 445-462.
  2. Reppert, S. M., & Weaver, D. R. (2002). Coordination of circadian timing in mammals. Nature, 418(6901), 935-941.
  3. Cajochen, C., Kräuchi, K., & Wirz-Justice, A. (2003). Role of melatonin in the regulation of human circadian rhythms and sleep. Journal of Neuroendocrinology, 15(4), 432-437.
  4. Tosini, G., Ferguson, I., & Tsubota, K. (2016). Effects of blue light on the circadian system and eye physiology. Molecular Vision, 22, 61-72.
  5. Chang, A. M., Aeschbach, D., Duffy, J. F., & Czeisler, C. A. (2015). Evening use of light-emitting eReaders negatively affects sleep, circadian timing, and next-morning alertness. Proceedings of the National Academy of Sciences, 112(4), 1232-1237.
  6. Scheer, F. A., Hilton, M. F., Mantzoros, C. S., & Shea, S. A. (2009). Adverse metabolic and cardiovascular consequences of circadian misalignment. Proceedings of the National Academy of Sciences, 106(11), 4453-4458.
  7. Sasseville, A., Paquet, N., Sévigny, J., & Hébert, M. (2006). Blue blocker glasses impede the capacity of bright light to suppress melatonin production. Journal of Pineal Research, 41(1), 73-78.
  8. Burkhart, K., & Phelps, J. R. (2009). Amber lenses to block blue light and improve sleep: a randomized trial. Chronobiology International, 26(8), 1602-1612.
  9. Sasseville, A., Benhaberou-Brun, D., Fontaine, C., Charon, M. C., & Hébert, M. (2009). Wearing blue-blockers in the morning could improve sleep of workers on a permanent night schedule: a pilot study. Chronobiology International, 26(5), 913-925.
  10. Wirz-Justice, A., Benedetti, F., & Terman, M. (2013). Chronotherapeutics for affective disorders: a clinician’s manual for light and wake therapy. Karger Medical and Scientific Publishers.
  11. Gringras, P., Middleton, B., Skene, D. J., & Revell, V. L. (2015). Bigger, brighter, bluer-better? Current light-emitting devices–adverse sleep properties and preventative strategies. Frontiers in Public Health, 3, 233.
  12. Irish, L. A., Kline, C. E., Gunn, H. E., Buysse, D. J., & Hall, M. H

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